LIVRO: OBREIROS
EVANGÉLICOS (391-396)
(391) Nossa
Atitude Quanto à Política
Aqueles a cujo cargo se acham nossas instituições e escolas devem-se
acautelar diligentemente, não seja que, por suas palavras e sentimentos, levem
os alunos por caminhos falsos. Os que ensinam a Bíblia em nossas igrejas e
escolas, não se acham na liberdade de se unir aos que manifestam seus
preconceitos a favor ou contra homens e medidas políticos, pois assim fazendo, incitam
o espírito dos outros, levando cada um a defender suas ideias favoritas.
Existem, entre os que professam crer na verdade presente, alguns que serão
assim incitados a exprimir seus sentimentos e suas preferências políticas, de
maneira que se introduzirá na igreja a divisão.
O Senhor quer que Seu povo enterre as questões políticas.
Sobre esses assuntos, o silêncio é eloquência. Cristo convida Seus
seguidores a chegarem à unidade nos puros princípios evangélicos que são
positivamente revelados na Palavra de Deus. Não podemos, com segurança, votar
por partidos políticos; pois não sabemos em quem votamos. Não podemos, com
segurança, tomar parte em nenhum plano político. Não podemos trabalhar para
agradar a homens que irão empregar sua influência para reprimir a liberdade
religiosa, e pôr em execução medidas opressivas para levar ou compelir seus
semelhantes a observar o domingo como sábado. O primeiro dia da semana não é um
dia para ser reverenciado. É um sábado falso, e os membros da família do Senhor
não podem ter parte com os homens que o exaltam, e violam a lei de
(392) Deus,
pisando Seu sábado. O povo de Deus não deve votar para colocar tais homens em
cargos oficiais; pois assim fazendo, são participantes nos pecados que eles
cometem enquanto investidos desses cargos.
Não
devemos transigir com os princípios, para ceder às opiniões e preconceitos que
talvez animássemos antes de nos unir com o povo observador dos mandamentos de
Deus. Temo-nos alistado no exército do Senhor, e não nos cabe combater do lado
do inimigo, mas do lado de Cristo, onde podemos ser um todo unido, em
sentimento, ação, espírito e comunhão. Os que são genuinamente cristãos são
ramos da Videira verdadeira, e darão o mesmo fruto que ela. Agirão em harmonia,
em comunhão cristã. Não usarão distintivos políticos, mas os de Cristo.
Que
devemos então fazer? - Deixai os assuntos políticos em paz. "Não vos
prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque que sociedade tem a justiça
com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas? E que concórdia há
entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel?" II Cor. 6:14
e 15. Que pode haver de comum entre esses partidos? Não pode haver sociedade,
nem comunhão.
A
palavra "sociedade" importa em participação, parceria. Deus emprega
as mais vigorosas imagens para mostrar que não deve haver união entre partidos
mundanos e aqueles que estão buscando a justiça de Cristo. Que comunhão pode
haver entre a luz e as trevas, a verdade e a injustiça? - Nenhuma,
absolutamente. A luz representa a justiça; as trevas, a injustiça. Os cristãos
saíram das trevas para a luz.
(393) Eles se
revestiram de Cristo, e usam a divisa da verdade e obediência. São regidos
pelos princípios elevados e santos que Cristo exemplificou em Sua vida.
...
Os
mestres, na igreja ou na escola, que se distinguem por seu zelo na política,
devem ser destituídos sem demora de seu trabalho e suas responsabilidades; pois
o Senhor não cooperará com eles. O dízimo não deve ser empregado para pagar
ninguém para discursar sobre questões políticas. Todo mestre, pastor ou
dirigente em nossas fileiras, que é agitado pelo desejo de ventilar suas
opiniões sobre questões políticas, deve-se converter pela crença na verdade, ou
renunciar à sua obra. Sua influência deve ser a de um coobreiro de Deus no
conquistar almas para Cristo, ou devem ser-lhe cassadas as credenciais. Se ele
não muda, há de ser nocivo, apenas nocivo. ...
"Apartai-vos"
Rogo
aos meus irmãos designados para educar, que mudem sua maneira de agir. É um
engano de vossa parte o ligar vossos interesses com qualquer partido político,
dar o vosso voto com eles ou por eles. Os que ocupam o lugar de educadores,
de pastores, de colaboradores de Deus em qualquer sentido, não têm batalhas a
travar no mundo político. Sua cidadania se acha nos Céus. Deus pede-lhes que
permaneça como um povo separado e peculiar. Ele não quer que haja cismas no
corpo de crentes. Seu povo tem de possuir os elementos de reconciliação.
É porventura sua obra fazer inimigos no mundo político? - Não,
não. Eles têm de permanecer como súditos do reino de Cristo, levando a bandeira
em que se acha
(394) inscrito: "Os mandamentos de Deus e a fé em Jesus."
Apoc. 14:12. Têm de ter a responsabilidade de uma obra especial, de uma
especial mensagem. Temos uma responsabilidade individual, e isso tem de ser
revelado em presença do universo celeste, dos anjos e dos homens. Deus não nos
pede que ampliemos nossa influência misturando-nos com a sociedade, ligando-nos
com os homens em questões políticas, mas ficando como partes individuais de Seu
grande todo, tendo Cristo como nossa cabeça. Cristo é nosso Príncipe, e, como
súditos Seus, cumpre-nos realizar a obra que nos foi designada por Deus.
...
Talvez
se pergunte: Não devemos ter ligação alguma com o mundo? A palavra do Senhor
tem de ser nosso guia. Qualquer ligação com os infiéis e incrédulos, que nos
viesse identificar com eles, é proibida pela Palavra. Temos de sair do meio
deles, e ser separados. Em caso algum devemos unir-nos a eles em seus planos de
trabalho. Mas não devemos viver isoladamente. Cumpre-nos fazer aos mundanos
todo o bem que nos seja possível.
Cristo
nos deu um exemplo disto. Quando convidado a comer com publicanos e pecadores,
não Se recusava; pois de nenhum outro modo, senão misturando-Se com eles,
poderia chegar a essa classe. Mas, em toda ocasião... puxava temas de conversação
que lhes apresentavam ao espírito os interesses eternos. E Ele nos ordena:
"Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas
boas obras e glorifiquem o vosso Pai, que está nos Céus." Mat. 5:16.
Quanto
à questão da temperança, assumi, sem vacilação, vossa atitude. Sede firmes como
a rocha. Não participeis dos pecados dos outros. ...
(395) Há uma grande vinha a ser
cultivada; mas, conquanto os cristãos tenham de trabalhar entre os incrédulos,
não se devem parecer com os mundanos. Não devem gastar seu tempo a falar de
política e agir em favor dela; pois assim fazendo, dão oportunidade ao inimigo
de penetrar e causar desinteligências e discórdias. Aqueles, dentre os
pastores, que desejam ser políticos, devem perder suas credenciais; pois essa
obra Deus não deu a elevados nem a humildes dentre Seu povo.
Deus pede a todos
quantos atuam em palavra e doutrina, que deem à trombeta um sonido certo. Todos
quantos receberam a Cristo, pastores e membros leigos, devem levantar-se e resplandecer;
pois grandes perigos se acham iminentes sobre nós. Satanás está agitando os
poderes da Terra. Tudo neste mundo se acha em confusão. Deus pede a Seu povo
que mantenha acima de tudo a bandeira que apresenta a mensagem do terceiro
anjo. ...
Os filhos de Deus
têm de se separar da política, de toda associação com os incrédulos. Não devem
ligar seus interesses aos do mundo. "Provai vossa aliança
comigo", diz Ele, "permanecendo como Minha herança escolhida, como um
povo zeloso de boas obras." Não tomeis parte em lutas políticas.
Separai-vos do mundo, refreai-vos quanto a introduzir na igreja ou escola ideias
que hão de levar a contendas e perturbações. As dissensões são o veneno moral
introduzido no organismo pelos seres humanos egoístas. Deus quer que Seus
servos tenham clara percepção, verdadeira e nobre dignidade, para que sua
influência manifeste o poder da verdade.
A vida cristã não deve
ser vivida a esmo ou depender de emoções. A verdadeira influência cristã,
exercida para a realização da obra designada por Deus, é um
(396) precioso
instrumento, e não se deve unir com política, ou ligar em associação com
incrédulos. Deus tem de ser o centro de atração. Toda mente em que o Espírito
Santo opera, satisfar-se-á com Ele.
"Nenhum
de nós vive para si." Rom. 14:7. Lembrem os que são tentados a tomar
parte na política, que todo passo que eles dão tem sua influência sobre outros.
Quando pastores, ou outros que ocupem posição de responsabilidade, fazem
observações a respeito desses assuntos, não podem recolher os pensamentos que
plantaram em outros espíritos. Sob as tentações de Satanás, puseram em operação
uma corrente de circunstâncias conducentes a resultados que eles mal sonham. Um
ato, uma palavra, um pensamento atirado à mente do grande ajuntamento humano,
caso leve a sanção celestial, dará uma colheita de preciosos frutos; mas, se é
inspirado por Satanás, fará brotar a raiz de amargura com que muitos serão
contaminados. Portanto, os mordomos da graça de Deus, em todo ramo de
serviço, estejam alerta quanto a não misturar o comum com o sagrado.
Por
mais de uma vez Cristo foi solicitado a decidir questões políticas e jurídicas;
mas recusava-Se a interferir em assuntos temporais. ... Ele ocupava no
mundo o lugar de Cabeça do grande reino espiritual para cujo estabelecimento
aqui viera - o reino da justiça. Seus ensinos tornaram claros os princípios
enobrecedores, santificadores que regem Seu reino. Mostrou que a justiça,
misericórdia e amor são as forças dominantes no reino de Jeová. Testimonies,
vol. 9, pág. 218.